A escola, como a conhecemos, privilegia um tipo de ensino, admira uma forma padrão de ensino/aprendizagem baseada na disciplina. Entende como bom profissional  aquele professor, quase sempre autoritário, que impõe medo, antes mesmo de fazer-se gostado ou  admirado pelos seus alunos. Tal postura, por outro lado, mostra-se cada vez mais inadequada para a realidade dos alunos. Certamente, o afrouxamento das hierarquias familiares tornou o comportamento dos jovens mais crítico, o que é bom, como também mais permissivo frente a autoridade de qualquer agente escolar.  Isso para não entrar no mérito das matérias desnecessárias, das formas punitivas de avaliação… Agora, esses entraves educacionais vêm em péssima hora, no nascimento da era tecnológica.  Pode-se considerar que antigamente, um(a) jovem podia até abandonar os estudos para trabalhar, havia trabalho para pessoas com pouca escolaridade.  Mas se pensarmos no mundo tecnológico que estamos vivendo , o que vai acontecer  com esse excedente de mão de obra desqualificada? O que poderão fazer para se manter?

Vê-se, no entanto, que este modelo pedagógico e social em que vivemos aumenta cada vez mais a desigualdade financeira e de oportunidades, tornando-se algo muito mais excludente do que preocupado em produzir cidadãos felizes e competentes, mesmo vivendo numa era em que a tecnologia predomina cada vez mais e as exigências de uma mão de obra especializada surgem como necessidade para o desenvolvimento individual e também coletivo e social.

A escola, por sua vez, admite como ideal  aquele(a) jovem que gosta ou sente-se confortável com aulas expositivas, acomoda-se bem com o perfil da escola tradicional que visa o ingresso a uma boa faculdade ou que pelo menos cumpra a matéria estipulada em uma sequência pedagógica ditada pelos livros didáticos ou apostilas, pois tudo é padronizado e por isso muito parecido, quando muito, altera-se um pouco a ordem dos pontos a serem aprendidos aqui e ali, mas todos os fenômenos gramaticais são passados de maneira muito corrida, porém, exaustivamente ao longo de todas as séries.

Estamos diante de um grande erro pedagógico. Prova disso? Quem lembra o que é uma preposição? Basta sair da escola para esquecer-se absolutamente tudo. Porque para o aprendizado de gramática não basta ler a teoria e fazer os exercícios, tal atitude mecanicista e tediosamente repetitiva, ao longo das séries, faz com que os meninos(as) quando aprendem, esqueçam-se na primeira oportunidade, porque assim funciona a memória, ela prioriza o  que mais se usa ou o que marca afetivamente, por ser humanamente limitada. A consequência disso é que passa ano sai ano, ou seja, do sexto ao terceiro ano do ensino médio é dada a matéria da mesma forma, aumentando apenas o nível de dificuldade dos exercícios, mas tudo dado através de fragmentos aleatórios, estabelecidos pelas editoras que vendem livros didáticos há gerações no Brasil e que seguem assim há gerações, para atender as exigências do mercado livreiro.

Para aprofundamento sobre os problemas da escola e como isso reflete no aluno, indico um livro que está de graça através do Kindle e se chama: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade-Diagnóstico e Prática Pedagógica. Rosana Aparecida Albuquerque Bonadio e Nerli Nonato Ribeiro Mori.

Livro muito acima da média, trata dos problemas pedagógicos, refletindo sobre  a escola, seu histórico repressor, a elitização, o descaso com as escolas públicas, indo até a presente medicalização de problemas que podem ser causados pela escola, mas que, para variar, culpa-se o aluno, tornando-o neurologicamente problemático e assim, mais uma vez, desobrigando a escola à necessária autocrítica.